domingo, 8 de maio de 2011

Minha mãe e minhas avós

Dia das Mães é sempre um dia de nostalgia. Dia de lembrar de todas as mães que temos e que tivemos. O velho ditado diz que 'mãe, só tem uma', mas a verdade é que nós temos muitas.

Dona Rosa, mãe do meu pai, era a serenidade em pessoa. Religiosa e silenciosa, eu me lembro dela sempre escutando, servindo, cuidando. Lembro-me também de suas 'travessuras'. Ela, diabética, ajudava a tirar a mesa só pra comer doces escondida na cozinha. Ainda posso escutar o ranger da sua cadeira de balanço. Vovó Rosinha sentada ao lado do meu avô Oswaldo, em frente à televisão, vendo Silvio Santos aos berros, numa salinha onde não cabia mais nada ou mais ninguém. Também, nem precisava. Os dois se bastavam.

Dona Aracy, mãe da minha mãe, era uma fortaleza. Passou grande parte da sua vida de mais de 90 anos sozinha, pois meu avô João viajava muito, e comandou seus filhos, sua fazenda e suas casas com a determinação de uma guerreira. E se você pensa que ela fazia tudo o que os netos queriam, lêdo engano. Se tínhamos fome entre as refeições (e estávamos sempre com fome mesmo), não adiantava pedir um pedaço do bolo de fubá que acabava de ser assado. "Come uma banana!", dizia ela. Talvez por isso eu fiquei anos e anos sem comer banana...

Mas não se engane, ela era só amor... Seus jardins sempre foram os mais verdes, suas samambaias, ninguém conseguia igual, sua casa era o castelo das minhas férias. Com ela aprendi a amar árvores e a podar minhas roseiras sempre que me dá na telha. Sinto falta de passear com ela à tarde. Ela de podão na mão, e eu só acompanhando mesmo, pois sempre detestei dormir depois do almoço. Apesar de ter fumado por quase 40 anos, só se foi quando sua alma já não cabia mais no seu corpo cansado e encolhido.

Minha mãe.... Bem, minha mãe quase me matou do coração. Várias vezes. Primeiro, quando eu era menina, lá pelos meus 10 anos. Eu a amava tanto que a idéia de que a perderia um dia me deu pesadelos por vários anos. Eu acordava em pânico, coração aos pulos, suando frio, um horror! Até hoje, quando me lembro dos sonhos, tenho calafrios... Segundo, já adolescente, ela era a única que conseguia tirar de dentro de mim minhas angústias, meus medos, minhas dores. E quando isso acontecia, eu ficava um verdadeiro caco, me sentia esvaziando, sumindo... Depois vinha o alívio, claro, mas na hora eu achava que iria morrer. E por último, no dia em que me casei, lá estava eu, alegre e feliz, totalmente ensimesmada, curtindo o dia tão sonhado, até que chegou a hora de deixar minha casa e ir embora. Olhei pra minha mãe, em um segundo percebi que nunca mais moraria com ela. Entrei em pânico por dentro: abri a boca pra chorar. Choramos abraçadas por...., nem sei quanto tempo. Pode ter sido um minuto só, mas pra mim, hoje, parece que foi por uma eternidade. Poderia ter morrido naquele momento.

Minha mãe me deu o que eu sou hoje. Se sou forte, é porque ela me ensinou. Se sou tolerante, culpa dela. Se às vezes sou passiva demais ou rabugenta demais, tal mãe tal filha. Aprendi com ela a perdoar. E se eu não sou nada parecida com ela, é porque ela me amou do meu jeito mesmo.
O que eu sinto pela minha mãe não tem como deixar registrado. É como olhar para um pôr-do-sol e querer descrevê-lo em palavras. Nunca será igual à própria imagem em si. Minha mãe é como um quadro de Renoir, é como uma poesia de Thiago de Melo, é como uma sinfonia de Beethoven.


E há muitas outras mães que também são um pouco minhas. Minha sogra, Dona Tuné, uma bênção em nossas vidas - sua oração tem o poder de acalmar filhos inquietos, sonos turbulentos e almas em sofrimento; Nelma, segunda mãe dos meus filhos, ao meus lado há 12 anos; Cândida, outra mãe dos meus filhos, que deixa os dela em casa pra cuidar dos meus; Cida, Quequeta, Tia Camila (que saudade!), Lavina, Leni, Nossa Senhora Aparecida, Maria (a mais divina de todas). Enfim, mãe, tem um monte.


Graças à Deus!

2 comentários:

  1. Comento de novo quando eu parar de chorar... Tô sensível hoje.

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  2. Que tantão de mães... que tantão de emoções. Fiquei pensando na minha mãe e nas outras mães em potencial. Fiquei com vontade de escrever "que nem" você. Quem sabe? E o mais engraçado é que no dia das mães eu sempre lembro de quem não tem uma e fico triste. Melhor mesmo seria pensar que realmente existem várias (e existem!) e que tem sempre uma mãe por ai, a dar carinho, apesar de algumas já terem nos deixado em vida... Doris

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