“Não gosto da palavra ‘deficiente’. Trata-se de uma palavra inglesa, que significaria ‘que não é suficiente’.
Também não gosto da palavra ‘anormal’, principalmente quando vem colada à ‘criança’.
O que quer dizer normal? Como tem de ser, como deveria ser – isto é, na média, mediano. Não gosto muito do que está na média, prefiro os que não estão, os que estão acima e, porque não, os que estão abaixo – de todo modo, os que não são como todo mundo.
Prefiro a expressão ‘Não como os outros’. Porque nem sempre gosto dos outros.
Não ser como os outros não quer dizer necessariamente ser pior que eles – quer dizer ser diferente.
O que significa um pássaro não como os outros? Tanto um pássaro que tem vertigem como um pássaro capaz de assoviar sem partitura todas as sonatas para flauta de Mozart.
Uma vaca não como as outras pode ser uma vaca que sabe telefonar.
Quando falo dos meus filhos, digo que eles ‘não são como os outros’. Isso deixa uma dúvida no ar.
Einstein, Mozart, Michelangelo não eram como os outros.”
(trecho do livro Aonde a gente vai, papai?, de Jean-Louis Fournier, Ed. Intrínseca, 2009. O autor é pai de duas crianças deficientes)
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Eu não sou como os outros.
ResponderExcluirEu adoro quando você lê pra mim, Cris.
ResponderExcluirJulie,
ResponderExcluirVocê definitivamente não é.
Doris,
Então, vou continuar lendo.
Feliz Natal e feliz 2010.
You are two of my favorite.
Cris