"Em cada época, em cada cidade, em cada escola, sempre houve e sempre haverá, no fundo da sala, frequentemente perto do aquecedor, uma criança de olhar vazio. Cada vez que ela se levanta, que abre a boca para responder a uma pergunta, todo mundo sabe que vai rir. Ela sempre responde com uma besteira, pois não entendeu, nunca entenderá. O professor, às vezes sádico, insiste, para divertir o grupo, animar o ambiente e aumentar seu ibope.
O aluno de olhar vazio, de pé entre os colegas exaltados, não tem vontade de fazer rir - ele não faz de propósito, muito ao contrário. Bem que gostaria de não fazer rir, bem que gostaria de entender, aplica-se, mas, apesar de seus esforços, diz bobagens, pois é não entendedor.
Quando eu era pirralho, era o primeiro a rir. Agora, tenho grande compaixão por essa criança de olhar vazio. Penso em meus filhos.
Felizmente, jamais poderão debochar deles na escola. Eles nunca irão à escola."
(Trecho do livro Aonde a gente vai, papai?, de Jean-Louis Fournier, Editora Intrínseca, 2009. O autor é pai de duas crianças deficientes)
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
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