Imagine Bridget Jones casada e com três filhos: esta é Lucy Sweeney, protagonista deste livro de Fiona Neill (Editora Record). Na verdade, Lucy é ainda mais divertida, mais esquecida, mais estabanada e muito mais inteligente do que a primeira. Ela tem que fazer um verdadeiro malabarismo para dar conta dos três filhos, do marido, da casa e dos próprios sentimentos que, diga-se de passagem, estão em polvorosa.
Para tornar tudo mais interessante, ela tem um irmão psicólogo muito simpático e se envolve nos trabalhos escolares com um grupo de pais que vai deixá-la a beira de uma crise ainda maior.
Um dos livros mais divertidos dos últimos tempos. Se você tem o hábito de ler na esteira enquanto se exercita, é melhor tomar cuidado, pois os ataques de riso podem transformar sua atividade física num desastre.
Abaixo, alguns momentos do livro, para dar água na boca:
"Um marido surdo e uma esposa cega sempre formam um casal feliz"
(Lucy está dirigindo e o filho lhe pergunta sobre um trabalho que acaba de fazer)
"- Mãe, ter terminado isso se qualifica como um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade? - pergunta Sam no banco traseiro. (...)
- Alguma coisa assim - respondo, (...)
- Por que você sempre diz "Alguma coisa assim"? As coisas não são ou certas ou erradas?"
- A vida é principalmente cinza - digo a ele. - Há poucos momentos de preto e branco.
- A menos que você seja uma zebra - diz Joe."
(quando Lucy e o marido conseguem uma noite de folga)
"Quando fechamos a porta da casa atrás de nós, tenho aquela sensação de leveza que acompanha o ato de asusmir a retaguarda por algumas horas, e Tom, animado por pensamentos semelhantes, estende a mão, e eu a seguro. O tempo que passamos juntos é algo precioso, e a idéia de simplesmente ser, em vez de fazer, é uma sensação que ambos saboreamos. Damos alguns passos em harmonia silenciosa, e sinto uma onda de otimismo de que meu perturbado equilíbrio poderia ser restaurado se nós dois simplesmente tivéssemos mais tempo a sós. Talvez por um minuto, eu me reconecto com um tempo anterior às crianças, quando éramos só Tom e eu, quando podíamos ficar na cama nos finais de semana, ler todos os jornais e viajar. Então me dou conta de que o carro desapareceu."
(Lucy conversando com a mãe)
"- E então, Lucy, quando você vai conseguir um bom trabalho? - ela pergunta.
- Eu tenho um bom trabalho - digo. - Cuidar dos filhos é um bom trabalho.
- É trabalho duro e gratuito - ela diz.
- Eu não poderia concordar mais com você - retruco. - Mas eu poderia jurar que, tendo em vista as suas inclinações políticas, você seria a última pessoa a julgar o valor de uma pessoa baseada no tamanho de seu salário. O fato de eu não ganhar dinheiro não quer dizer que o que eu faço não tenha valor.
- Eu não acredito que uma filha minha tenha escolhido ser dona de casa - ela diz, com a boca se contorcendo, como se a palavra tivesse um gosto amargo.
- Na verdade, mãe, parte do problema está em feministas como você, porque, ao enfatizar em excesso a importância de uma mulher trabalhar, vocês desvalorizam completamente a vida doméstica (...)
- O que eu quero dizer é: quando você vai fazer alguma coisa que envolva o seu cérebro? - ela continua.
- Bem, esta é uma questão diferente. Eu uso o meu cérebro, só que de uma forma lateral, menos óbvia. (...)
- Mas você se sente realizada, Lucy? (...)
- No fim do dia, eu frequentemente me sinto como se não tivesse conquistado nada - digo a ela. - Um dia bem-sucedido consiste em manter o status quo. Eu consegui levar três crianças à escola e à creche e buscá-las sem qualquer contratempo significativo. Preparei três refeições, dei banho em três meninos e li histórias para fazer todos dormirem. Quando comparo isso com o que estava fazendo antes, parece absurdo, particularmente porque não pareço estar melhorando nem um pouco.
- Mas você fica à vontade com seus filhos. Não acho que algum dia tenha me sentido assim..."
(conversando com o pai de um colega que é um famoso ator de cinema)
"- Estou implodindo, Sweeney - ele diz. Ele faz um som semelhante a uma bomba explodindo. (...) - Minha mulher foi embora. Levou as crianças junto com ela para os Estados Unidos. Minha filha mais nova perguntou se eu estava num estábulo.
- O que ela quis dizer com isso? - pergunto.
- Instável - ele diz. (...) Não há nada como as crianças para nos fazer pôr os pés no chão (...). Às vezes você não sabe o que tem até perder. Pessoas que não sabem o que querem são perigosas, Lucy. Dispensei meu psiquiatra, a propósito. Decidi que ele era parte do problema."
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