(by Pietra)
Chego ao Banco de Sangue certa de que encontrarei pessoas aguardando ansiosamente por um doador. Ledo engano. No local há várias pessoas sendo atendidas e tenho que pegar a minha senha: número 25.
Enquanto aguardo, leio uma lista de restrições e observações das mais curiosas, dentre elas:
* não doe sangue se você teve dengue nos últimos meses (isso já exclui toda a região norte e de Venda Nova);
* não doe sangue se você tomou AAS nos últimos 7 dias (tem alguém que ainda toma isso?);
*comunique à atendente se você esteve na Europa por mais de 6 meses após 1980 (o que isso tem a ver com doar sangue?).
Finalmente sou chamada, passo meus dados ao setor de atendimento e sou encaminhada à médica para mais perguntas. Ela me repete as perguntas do questionário.
- Você já esteve na Europa?
- Sim.
- Onde e por quanto tempo?
- 2 meses na Espanha e alguns dias em Londres.
- Quantos dias em Londres?
- Uma semana. (Meu Deus, o que será que existe em Londres de tão perigoso? - Não tive coragem de perguntar.)
- Já fez endoscopia alguma vez?
- Sim.
- Quando?
- Quando era jovem.... Faz mais de 20 anos.
- E por que?
- Eu estava sentindo dores no abdômen (HÁ DUAS DÉCADAS!!!!).
- E foi descoberto algo?
- Não.....
A médica tira a minha pressão e auscuta o coração. Tudo bem. Apesar do frio na barriga (detesto ser examinada!!!), passo no teste do coração. Quanto à pressão, acho melhor comentar:
- Minha pressão geralmente é baixa.
- Sim. Está 10 por 7. A que horas você lanchou hoje?
- Às 9 horas.
- Então vamos tomar outro lanche antes da doação.
Refeição grátis! Beleza! Um sanduíche e um suco depois, lá vou eu pra sala de doação propriamente dita. Sem me avisar, a enfermeira pega o meu dedo da aliança (não sei o nome dele!!!) e o fura com uma microagulha saída sabe-se lá de onde. Ela faz alguns testes e me informa que não estou anêmica e que meu sangue é tipo O (coisa que, diga-se de passagem, estou careca de saber).
Após ter que entrar numa cabine pra responder novamente que não sou bígama, adúltera ou drogada, lavo meus antebraços e me deito para, finalmente, executar a doação. Na hora H, quase me sinto nervosa. Afinal de contas, foi um interrogatório tão grande que sinto que estou sendo avaliada. Grande bobagem, pois esta acaba sendo a parte mais fácil e mais rápida. Uma picada, abrir e fechar a mão repetidamente e pronto. Cinco minutos depois há um saco gigante de tinta vermelha do meu lado e eu não sinto nada. Nadinha de nada. Tenho até vontade de mandar tirar mais um saco, mas, como sou caloura, decido jogar uma indireta:
- Quando posso doar novamente?
O doador ao lado me diz:
- Daqui a 2 meses.
Ao que o enfermeiro corrige:
- Você sim, mas ela não. Mulheres só após 3 meses.
(Até nisso os homens são mais rápidos...)
Às 11:35hs, uma hora após ter chegado ao Banco de Sangue, o enfermeiro me informa.
- Tá liberada. Agora você pode ir pra copa pra tomar o lanche.
- OUTRO lanche?!?!
- Sim. É importante.
- Sou obrigada? Vocês me fazem comer mais do que a minha mãe....
- Pelo menos o suco.
- Tudo bem. O suco cabe.
Com o braço esquerdo dobrado ao meio, sendo eu canhota, acabo tendo que tomar o suco e preencher o questionário de avaliação da doação com a mão direita (bom pra exercitar o outro lado do cérebro, dizem).
Pergunta do questionário: Você gostaria de ser chamada para doar sangue novamente com data e hora marcada? Sim. Por que não? Foi divertido.
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:)
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