(Beatriz conta à mãe que Mário lhe recitou poesia e lhe disse algumas metáforas)
- "Filhinha, não me conte mais. Estamos diante de um caso muito perigoso. Todos os homens que primeiro tocam com a palavra, depois chegam mais longe (...).
- Mas o que é que tem de mau as palavras?! - disse Beatriz, abraçando o travesseiro.
- Não há droga pior que o blablablá. Faz uma estalajadeira na aldeia se sentir uma princesa veneziana..."
(O carteiro está desesperado, pois a mãe de Beatriz não permite que eles se encontrem. Procura então Pablo Neruda para pedir-lhe ajuda)
- "Poeta e companheiro - disse decidido. - O senhor me enfiou neste embrulho e o senhor daqui vai me tirar. O senhor me deu seus livros de presente, ensinou-me a usar a língua para algo mais que pregar selos. O senhor tem culpa de que eu me tenha apaixonado.
- Não senhor! Uma coisa é eu ter dado de presente a você um par de meus livros, e outra bem distinta é que eu tenha autorizado você a plagiá-los. Além do mais, você deu a ela o poema que eu escrevi para Matilde.
- A poesia não é de quem escreve, mas de quem usa!
- Alegra-me muito essa frase tão democrática, mas não levemos a democracia ao extremo de submeter a uma votação dentro da família para saber quem é o pai."
(Antonio Skármeta, Editora Record, 23a edição)
terça-feira, 16 de novembro de 2010
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:D
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